Em sua edição 10, o maior torneio de tênis do país tem ao seu alcance um divisor de águas na relação esporte e sustentabilidade
Recentemente, destacamos as iniciativas de sustentabilidade ambiental promovidas pela francesa Lacoste, parceira da ATP e uma das marcas mais relacionadas ao tênis. As pesquisas sobre o assunto acionaram os algoritmos e novidades da modalidade não param de aparecer. Por inspiração da Máquina do Esporte surge um ótimo tema: a organização do Rio Open de Tênis - próximo de sua edição histórica número 10 - merece atenção em razão daquilo que vem fazendo a favor do tema sustentabilidade.
Sua próxima edição será em fevereiro de 2024, mas importantes informações estão disponíveis. Os dados a seguir são do portal Máquina do Esporte, da leitura do time de jornalismo do canal da edição 2023 de um estudo da Deloitte.
O Torneio Rio Open de Tênis representa um dos maiores eventos esportivos do Brasil e apresenta números impactantes. Sua próxima edição será em fevereiro de 2024, todavia, há informações importantes facilmente disponíveis. Parte dos dados utilizados a seguir foram extraídos do portal Máquina do Esporte, e foram baseados em um estudo conduzido pela Deloitte tendo a edição Rio Open 2023 como foco.
Reconhecidamente, a modalidade tem expressivo potencial econômico, assim não poderia ser diferente, o torneio se destaca por uma importante contribuição econômica e um impacto estimado de R$ 140 milhões na economia da cidade do Rio de Janeiro. Este ano, durante os nove dias no Jockey Club, o evento atraiu 63 mil pessoas. A premiação totalizou US$ 2,178 milhões, destacando-se o prêmio de US$ 376 mil destinado ao campeão. Este valor reflete a importância do Rio Open no circuito esportivo e dá contornos de sua representatividade.
Além disso, a organização do evento desempenhou um papel crucial na geração de empregos, sendo responsável pela criação de 8 mil postos de trabalho diretos e indiretos.
A abrangência do Rio Open vai além das fronteiras, alcançando mais de 140 países que adquiriram os direitos de transmissão, consolidando-o como o principal torneio de tênis da América do Sul.
Visão geral das ações: o Rio Open Green
O evento incorpora uma gama de elementos: recursos, pessoas; movimentação financeira, transporte urbano, estadias, aviões, energia, resíduos, consumo. Para quem ama e vive do esporte, essa engrenagem não pode e nem deve parar. É por isso mesmo que precisamos ser absolutamente enérgicos sobre aquilo que é possível fazer para repensar, agir diferente, mitigar e atuar de forma a preservar e fazer do esporte um agente a favor da sustentabilidade ambiental e preservação da biodiversidade.
Há uma década construindo sua credibilidade, a organização do Rio Open já tem em suas práticas um programa voltado à sustentabilidade. Nele é possível compreender o assunto como um ativo, pois já figura como valor integrado à marca, tendo, inclusive, um espaço de destaque no www.rioopen.com. O Rio Open Green, “o pilar ambiental do Rio Open”, concentra as iniciativas de sustentabilidade que “refletem o compromisso voluntário de minimizar a pegada climática do torneio e o impacto ambiental”.
Trata-se de uma demonstração do compromisso com a sustentabilidade por meio de iniciativas, dentre elas, pontos de hidratação para a equipe de trabalho visando reduzir o consumo de garrafas PET e distribuição de garrafas reutilizáveis; utilização de sacolas 100% ecológicas na loja oficial do evento, a disponibilização de copos reutilizáveis nos bares, e um planejamento coordenado para a gestão eficaz de resíduos, envolvendo treinamentos para diversas equipes, conforme relatório oficial (fonte: rioopen.com).
Além disto, é contratada a separação adequada de resíduos, com coletores específicos para orgânicos e óleo de cozinha e sua gestão adequada, e a destinação dos resíduos recicláveis para cooperativas licenciadas e compostagem de orgânicos.
O evento também se comprometeu com a destinação consciente dos resíduos não recicláveis para aterro sanitário, com reaproveitamento de metano, enquanto lonas foram destinadas a cooperativas parceiras. As tampinhas de garrafas PET foram coletadas para troca por cadeiras de rodas.
Além disso, o Rio Open promoveu uma campanha de arrecadação de raquetes junto ao público do evento para serem doadas a projetos sociais. Por fim, as bolas, raquetes e uniformes excedentes foram doados a esses mesmos projetos, destacando o compromisso social e ambiental do torneio.
Mais que este rol, os promotores do Rio Open também destacam sua atuação para neutralização de carbono, reduzindo as emissões do evento e neutralizando aquelas que não podem ser reduzidas com a prática de compra de créditos de carbono. Essas medidas garantiram ao Rio Open a certificação da ONU como evento “Carbono Neutro”.
Próximos passos para esta pegada verde!
As ações no Rio Open e o Rio Open Green representam uma inteligência comercial e de marca, e não podem ser descartados os compromissos reais e a maturidade quanto ao tema sustentabilidade. Ainda assim,
é importante a consciência de promotores de grandes eventos com a definição de parâmetros de ação de sustentabilidade e sua necessária diferenciação de atividades mercadológicas pura e simples de medidas necessárias para melhor integração ao conveniente social e ambiental.
As propostas de mitigação precisam ser expressivas, contribuindo efetivamente para a preservação da biodiversidade, um tema já desgastado, mas crucial, especialmente no contexto das emissões de CO2.
A comunicação e a publicidade de patrocinadores devem abrir espaço para que a organização intensifique o debate sobre o preservar. A preservação da biodiversidade em troca dos ganhos financeiros é mais que factível, especialmente no cenário maravilhoso do Rio, repleto de programas ambientais de alta relevância. Uma excelente alternativa seria a doação de recursos para tais projetos e a aposta na produção de natureza.
O "Rio Open Green" faz um papel altamente significativo, considerar investimentos em projetos de preservação da biodiversidade e áreas naturais poderia ser o próximo passo. Isso representaria um salto de qualidade, um diferencial e uma contribuição realmente significativa para garantir um futuro mais sustentável, conectando a ideia de produção de natureza com grandes players de indústrias esportiva. Esse passo adiante na Edição 10 representaria um avanço para todo o esporte nacional.
É fundamental expressar uma crítica à discrepância entre as ações frequentemente utilizadas em grandes eventos em relação ao poder midiático e financeiro deles, bem como ao seu público potencial. Espetáculos de grande porte têm a responsabilidade de gerar impactos sociais significativos e relevantes, superando ações convencionais e, por vezes, pouco efetivas. Mais do que simplesmente seguir padrões estabelecidos, é crucial que seus organizadores, dada a representatividade de seus eventos, promovam ações inovadoras. O esporte que eles representam carrega consigo um potencial transformador, e é fundamental explorar isso para fazer diferença de maneira substancial na sociedade.
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