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Foto do escritorRodrigo M. Weinhardt

Futebol, receita e a obsolescência da moda

Às vésperas do Brasileirão, elencamos 7 pontos de atenção de uma das principais fontes de receita da indústria esportiva

Umbro (Flu) e Adidas (Fla), junto da Nike, representam mais da metade dos clubes da série A e cerca de 130 milhões de torcedores. Foto: Marcelo Cortes CFR

Início do Campeonato Brasileiro e os clubes intensificam a busca por receita para manter o espetáculo. No centro do processo, produtos licenciados, vestuários e demais itens de moda estão entre as maneiras capazes de movimentar milhares de reais, empregos e fazer girar a economia.


Conforme dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), o setor faturou em 2021 R$190 bilhões e recebeu o investimento total de R$ 4,9 bi. No mesmo ano, foram produzidos, de acordo com a Abit, 8,1 bilhões de peças e as mais de 22 mil unidades produtivas empregam cerca de 1,3 milhão de trabalhadores de maneira formal.


Mas precisamos encarar: a indústria da moda é uma das mais vorazes e poluentes (Natural Resources Defense Council). O advento do chamado fast fashion potencializou o marketing, o impulso de compra, impôs ciclos de vida curtos proporcionando uma volatilidade da demanda (Fernie; Sparks, 1998, Bhardwaj; Fairhurst, 2010) contribuindo, nas últimas décadas, para um crescimento desenfreado.


Sendo o esporte dependente dessa cadeia produtiva, é impossível dissociar uma coisa da outra.

Embora a obsolescência programada da moda não seja segredo, ela é um detalhe ignorado e muitas vezes tido como exagero. Um frenesi consumista acompanhado de uma desculpa matreira: nossas vidas, economia e desenvolvimento não podem (nem devem) parar.


Certo. E errado.


O despendido sempre será maior que a capacidade de regeneração, por isso é preciso inovar. Fazer diferente é determinante para ampliar os cuidados de nossa cadeia produtiva. Oferecer esforços simples e, se bem utilizados, comercialmente atrativos podem criar ferramentas para minimizar e mitigar nossos impactos no esporte.


Alinhando esses pontos aos preceitos de repensar, reciclar e reusar, elencamos sete movimentos interessantes que podem ser trabalhados por clubes, assim como aplicados em lojas, fornecedoras, licenciados e até mesmo exigidos pelos torcedores na manutenção do mercado de vestuários e demais itens.




O tratamento dos têxteis e assessórios são complexos. Há uma série de diferentes fibras, processos industriais, como pinturas e sublimação, além da presença de adicionais como botões, cordões e elásticos. Há outros bons exemplos implementados pelo Sustainable Fashion, uma tendência ecológica e socialmente responsável que visa o abastecimento, produção, distribuição, marketing e consumo equilibrados (https://www.earthday.org/).


As orientações cientificas que avaliam a sustentabilidade na moda ainda apostam que


a identificação das partes interessadas e seus interesses, responsabilidades e prestação de contas podem fornecer uma base para o desenvolvimento e implementação de políticas e programas adequados para responder às preocupações ambientais e sociais no contexto da responsabilidade social corporativa” (Kozlowski; Bardecki; Searcy, 2012).

O esforço para aumentar a consciência dos consumidores é justificável, real e verdadeira. Os pesquisadores Joy e Peña (2017) ampliam esta avaliação ao concluir que


consumidores que percebem que suas identidades incorporam tanto a apreciação do momento quanto um compromisso com o meio ambiente provavelmente acharão esse valor simbólico significativo e indicativo de novas abordagens de consumo”.

Não vislumbramos uma indústria inativa, opaca e sem gerar frutos, mas sim métodos comerciais atuais e integrativos. É preciso reavaliar o mercado, atacar o desperdício, investir em melhores linhas de produção, focar no reuso e reciclagem, desenvolver produtos duráveis e levar aos consumidores esportivos uma nova percepção. Aplicar esse conceito via clubes será algo muito poderoso.



Referências

Bhardwaj, Vertica; Fairhurst, Ann (2010). Fast fashion: response to changes in the fashion industry. The International Review of Retail, Distribution and Consumer Research, 20(1), 165–173. doi:10.1080/09593960903498300.


Joy, A., Peña, C. (2017). Sustainability and the Fashion Industry: Conceptualizing Nature and Traceability. In: Henninger, C., Alevizou, P., Goworek, H., Ryding, D. (eds) Sustainability in Fashion. Palgrave Macmillan, Cham. https://doi.org/10.1007/978-3-319-51253-2_3.


Kozlowski, A., Bardecki, M., & Searcy, C. (2012). Environmental impacts in the fashion industry: A life-cycle and stakeholder framework. Journal of Corporate Citizenship, (45), 17-36.


Marques, A. D., Marques, A., & Ferreira, F. (2020). Homo Sustentabilis: Circular economy and new business models in fashion industry. SN Applied Sciences, 2, 1-5.


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