Proposta Brian McCullough, Madeleine Orr e Timothy Kellison foi defendida no Journal of Sport Management e abre caminho para uma importante virada da gestão esportiva global
Uma nova frente de estudo em gestão esportiva, a ecologia, passará em breve a ser tema das salas de aulas na formação de gestores e profissionais do esporte; uma cadeira própria, com debates, produção científica, discussões e implementação de práticas que causem efeitos positivos e amadureçam a participação do esporte e sua relação com o meio ambiente e a biodiversidade. Esse caminho está sendo trilhado e sua conceituação e raízes têm um berço: College Station, no Texas.
O artigo "Sport ecology: Conceptualizing an emerging subdiscipline within sport management", publicado na Journal of Sport Management em 2020, é um trabalho dos cientistas Brian McCullough, Madeleine Orr e Timothy Kellison. O estudo marca a fundação de uma nova subdisciplina dentro da gestão esportiva, denominada Ecologia do Esporte. Os autores argumentam pela necessidade de uma gestão esportiva que seja mais sustentável e ecologicamente responsável, e introduzem a nova ciência como um campo voltado para estudar as interações entre as práticas esportivas e seu ambiente.
McCullough e seus colegas destacam a Ecologia do Esporte como uma área crítica para a gestão esportiva global, abordando desde a organização de grandes eventos esportivos até as operações cotidianas de instalações do esporte. Eles ressaltam os significativos impactos ambientais, como emissão de carbono, uso intensivo de água e produção de resíduos, que estão intrinsecamente ligados ao esporte.
O texto enfatiza a importância de adotar práticas sustentáveis nessa área de gestão. Exemplos incluem melhorias em eficiência energética, redução de resíduos e fomento ao transporte sustentável. Os autores fazem um apelo aos acadêmicos e aos atores da indústria esportiva para promoverem e implementarem essas práticas.
Desafios e o futuro da ecologia do esporte
Apesar do crescente interesse e da inovação na gestão esportiva, existem barreiras para a implementação de práticas sustentáveis no cotidiano do esporte, sobretudo em razão de visões simplistas do tema e seus aspectos correlatos. Por exemplo, a gestão de resíduos ainda se resume a lixeiras coloridas e reciclagem do valoroso resíduo de alumínio.
Os desafios em atualizar a forma de pensar do esporte e sustentabildiade incluem os altos custos iniciais, a resistência cultural e a falta de conhecimento especializado, conforme o artigo de Brian e seus colegas. Eles fecham o artigo com uma discussão sobre a necessidade urgente de mais pesquisas, a formação de políticas específicas e a integração de tecnologias verdes para avançar nesse campo.
A luz no fim do túnel.
Através do artigo mencionado, o trio estabelece um diálogo crítico sobre como a integração de práticas sustentáveis pode ser alinhada com a performance e a produção esportiva, propondo uma visão integrada que pode revolucionar o panorama da gestão esportiva global.
O desafio de confrontar a gestão esportiva com a sustentabilidade em sala de aula e em ambiente acadêmico não é recente. Para exemplificar, no Brasil, por exemplo, entre as importantes inicativas realizadas, esta o esforço de Alexandre Hashimoto, proprietário da consultoria Health Prime, especializada em sustentabilidade para negócios na área de saúde. Ele ampliou seu conhecimento e apresentou, há alguns anos, um curso dedicado ao mercado do futebol na plataforma Go Up Football!, abordando a sustentabilidade na gestão do futebol. A plataforma é voltada para cursos de qualificação, sem a profundidade estrita ou lato sensu, isso não exclui sua visão e inovação.
Além disso, estudiosos brasileiros têm aberto o debate sobre o assunto, como os trabalhos presentes aqui no FairPlay Ambiental; o FPA que busca exatamente uma porta de acesso para levar à gestão esportiva um entendimento mais completo e holístico do tema sustentabilidade no esporte.
Há, ao redor do globo, uma quantidade importante de entusiastas aprofundando-se sobre isso. Dar alicerce acadêmico e científico à Ecologia do Esporte é um suporte a essas células isoladas, possibilitando que, em menos tempo, o conhecimento sobre a sustentabilidade no esporte, especialmente no futebol, deixe de ser uma área paralela, um tema presente esporadicamente em circunstâncias específicas, e passe a fazer parte do corpo e da alma da gestão esportiva.
McCullough, Brian P., Madeleine Orr, and Timothy Kellison. "Sport ecology: Conceptualizing an emerging subdiscipline within sport management." Journal of Sport Management 34.6 (2020): 509-520.
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