Como alcançar o DNA e impor mudanças aos atores esportivos fazendo evoluir sua genética tradicional adaptando-os aos novos e inegociáveis imperativos sociais?

Vale amplificar (ou simplificar). Em regra, os caminhos para a transformação “verde” de clubes e entidades esportivas não constam em manuais ou apostilas corriqueiras, eles estão na mente e na caneta das lideranças e no espírito empreendedor dos gestores. A transformação procura espaço em programas de gestão, nos planejamentos, estatutos, normas, políticas de conduta e mais uma série de ferramentas administrativas capazes de destacar valores, torná-los regras e gerar condição orgânica a esses atores.
Uma ação interessante nesse sentido foi realizada pelo Comitê Olímpico Brasileiro. Por adesão, em 2020, o COB tornou-se signatário do movimento Sport for Climate Action, da ONU. Além disso, destaca em seu Relatório de Sustentabilidade 2020 seu atual mapa estratégico o qual estabelece a “inclusão da sustentabilidade nas ações de promoção do Movimento Olímpico brasileiro”. Vale lembrar, o COI, também signatário do Climate Action, historicamente é intenso quanto ao tema meio ambiente e oferece seu manual de boas práticas ambientais.
Nível semelhante de engajamento é encontrado na política de direitos humanos da Commonwealth Games Federation (CGF). A entidade tem como visão construir uma comunidade sustentável por meio do esporte e boas práticas, para isso, determina no documento “Commonwealth Games Federation - Human Rights Policy Statement” a responsabilidade, promoção e forte compromisso com o meio ambiente e a sustentabilidade.
Para dar inveja, o programa Forever Green, do Real Betis Balompié, é aquele que figura como um modelo excepcional, raro. O Forever Green é capaz de integrar os vários aspectos da cadeia do produto do clube à reciclagem, conservação, políticas de educação caracterizando como poucos uma parte de sua essência. Hoje, é impossível falar em esporte e sustentabilidade e ignorar o primor desse programa.
Ao assumir compromissos as organizações aplicam em seu cotidiano, independente da complexidade e/ou tamanho, objetividade quanto a responsabilidade com a biodiversidade e tendem, direta ou indiretamente, a influenciar suas redes.
Aproveitamos resultados interessantes observados entre 2021 e começo de 2022 no que foi executado pela equipe do Coritiba Foot Ball Club na implementação da sua política ambiental, inúmeras ações foram e são executadas pelo Coxa visando o fair play com o meio ambiente. Neste tempo, a equipe de trabalho pôde entender a importância do fluxo de intenções corporativas da alta direção destacados na filosofia da instituição por intermédio do planejamento estratégico e da importância do envolvimento de sua diretoria no projeto.
Noto; o fluxo de intenções deve ser entendido como as medidas promovidas pela organização que, muitas vezes, distantes aos olhos do público, têm significativa importância para a alteração do status quo das políticas corriqueiras. Na prática, são documentos, assinaturas, princípios internos, regras e intenções que redirecionam os colaboradores e, consequentemente, a própria instituição.
No caso do Coritiba FC, intensões foram dispostas chancelando o discurso e as práticas ambientais conforme as ativações listadas abaixo:
Planejamento Estratégico: o documento do clube é taxativo quanto aos objetivos ambientais. Trata-se de algo escrito, orientador e perene;
Marketing e a comunicação: colocaram a sustentabilidade como tema de sua agenda. Ou seja, ações são promovidas com lógica, continuidade e finalidade;
Comitê Executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade: um grupo de trabalho com objetivo de reduzir impactos, otimizar recursos e mitigar a pegada do clube. Conforme pesquisa por busca de palavras-chaves, é a única entidade esportiva do Brasil com tal dedicação;
O clube já promoveu e/ou projeta a adesão signatária aos principais compromissos globais de sustentabilidade;
Certificados ambientais: o clube está em processo de certificação ambiental;
O clube assinou compromisso de promoção, divulgação e incentivo da Grande Reserva Mata Atlântica.
Signatário do rol acima, o clube paranaense adotou enunciados em sua vida corporativa preenchendo vazios e levando os valores da preservação do patrimônio natural para dentro, similar aos esforços do COB, Federação de Jogos da Commonwealth e do Real Betis.
Ilustra-se com os exemplos maneiras de alcançar o DNA das organizações e agentes esportivos e implementar neles o compromisso e os desejos de equilíbrio, preservação e conservação da biodiversidade. Abrir caminho para direcionar esforços, orientar as equipes, promover ações, realizando a adesão às políticas e atuar na defesa da conservação imprimindo nesses personagens a evolução. As intenções dos gestores, seus planos de governo e a “força da caneta” contribuem significativamente na mudança destes players.
Alinhar e direcionar as realizações por leis, por exemplo, é um reforço neste sentido, por isso a insistência do Fair Play Ambiental em fazer aderir às regras de direito público e privado do esporte brasileiro regras claras quanto a sustentabilidade. Trata-se de um efeito cascata: chegando ao DNA reforçamos a resiliência ambiental e entramos na luta da conservação tendo como arma a inquestionável força do esporte.
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